Milton Friedman, o + famoso
economista americano do pós-guerra, faria hoje 100 anos de idade. Economista
brilhante e mestre da promoção de suas ideias. Era articulado, falante,
simpático e nunca ficou fechado em grupos acadêmicos. Friedman foi o
relançador do "Monetarismo", teoria
anterior a ele e que teve como guru Irving Fisher, que queimou sua reputação ao
declarar semanas antes da quebra da bolsa em outubro de 1929 que estava tudo
normal e que não havia crise à vista. Friedman reformulou e modernizou a teoria
quantitativa da moeda, fez sua divulgação e promoção em uma serie de conferencias,
convenceu a cúpula do sistema sobre a qualidade de seus estudos e teve apoio logístico
e suporte operacional do Citibank para sua cruzada. Friedman tinha
adquirido fama como autor de uma obra clássica Historia Monetária dos Estados Unidos que escreveu junto com sua amiga de toda a vida
Anne Schwarz, que morreu no mês passado com quase 100 anos. Friedman tinha uma
qualidade excepcional para um economista, sabia escrever bem e
claramente, para leigos, razão pela qual seus livros vendiam muito
bem. Expoente da Escola de Chicago, Friedman deixou
seu legado com alguns fiéis seguidores, como Alan Greenspan. O monetarismo
é constantemente confundido por leigos com o neoliberalismo, quando são dois
conceitos muito diferentes. O monetarismo é uma teoria econômica acadêmica
sofisticada e bem elaborada, enquanto o neoliberalismo é uma visão ideológica
que propõe reformas econômicas de mercado, não trata especificamente da moeda e
sim da propriedade e do papel do Estado na economia. Friedman e o
monetarismo acabaram antes do fim do século como novidade e o papel de suas
teses foi ultrapassado por novos contextos geopolíticos, como a emergência da
China, o 11 de Setembro, a perda de liderança dos EUA nos organismos
multilaterais e as tensões políticas da Era Bush. Dentro de seu apregoado
conservadorismo monetário Friedman tinha propostas instigantes, era a favor do bolsa-familia
e da liberalização do uso da maconha. Friedman foi um dos mais influentes
economistas da segunda metade do Século XX em uma escala muito maior do que
hoje são Krugman ou Stiglitz. A Escola de Chicago influenciou a formulação do
Plano Real e o fim da inflação recorrente em muitos países, uma inflação que
atingiu grande parte do mundo do pós-guerra e em especial os países do então
Terceiro Mundo. Para o bem ou para
o mal, o monetarismo de Chicago teve um enorme papel político, foi usado como
ferramenta intelectual por bancos centrais, regimes políticos e escolas de
economia por todo o mundo.
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