quarta-feira, julho 20, 2011

Jogador Sincero

quarta-feira, julho 13, 2011

A soma de todos os medos

Já devo ter usado esta analogia no passado, porém o comportamento dos mercados se encaixa com perfeição nesse tema. Vejam só que listinha agradável:
1. Dados de emprego nos EUA mostram que recuperação dos EUA é bem fraca;
2. Debates no congresso americano sobre o pacote fiscal atolaram e ainda não há acordo sobre o tamanho e a forma do ajuste, e sobre o novo teto para endividamento do governo;
3. Os testes de stress sobre bancos europeus podem mostrar que alguns dos maiores bancos alemães tem problemas com elevada exposição a risco na periferia européia;
4. Autoridades na Europa insinuam que é inevitável um calote na dívida grega, pois é necessária uma redução no endividamento daquele país, não adiantando empurrar o problema com a barriga;
5. Os Bancos não aceitam aderir a proposta francesa de rolagem da dívida grega se não houver uma recompra por parte da Comunidade Européia;
6. O custo de captação dos governos da Espanha e da Itália sobem. A crise chegou a Itália…. Que tal? Dá medo…

quinta-feira, julho 07, 2011

Cápsula da Cultura

Kibe Loco

Toda Mídia

Em coluna no WSJ, "As dores do trabalho no Brasil". Abrindo o texto, "Dilma Rousseff tem um problema que Barack Obama mataria para ter: criação desenfreada de empregos. É bom para sua popularidade, mas ameaça fomentar inflação. O WSJ e FT noticiam que "mais um ministro beija a lona" (bites the dust) no Brasil, "em meio a acusações de propina". Tony Volpon, da Nomura, escreve no FT em resposta aos gerentes de um hedge fund inglês que questionaram as dívidas de crédito no Brasil. Afirma que "não há bolha de crédito", mas o consumidor está, sim, "esticado". O WSJ noticia que a FAO, agora dirigida pelo brasileiro José Graziano, aponta o preço dos alimentos perto do recorde. O principal motivo é a previsão de menor produção de açúcar no Brasil. No FT, a Unica, lobby da indústria brasileira de cana, reduziu a previsão de produção em 15% para este ano. O FT informa que a Vale, sob risco de perder uma concessão de minério na Guiné com a mudança de governo, ofereceu financiamento de projetos sociais. A anglo-australiana Rio Tinto havia oferecido US$ 700 milhões ao novo governo. No verão do hemisfério norte, cresce o noticiário de futebol. O NYT dá o enunciado "Palestina vence Afeganistão" e informa que a seleção do país avança nas eliminatórias asiáticas para a Copa de 2014. E ecoa notícia do chinês Titan, da contratação do argentino Conca, "melhor jogador no Brasil por dois anos seguidos", pelo clube Evergrande, de Guangzhou. Já o WSJ relata a vitória da Suécia sobre os EUA, que agora terão de enfrentar um "duelo com o Brasil" nas semifinais do mundial feminino.

Morde e Assopra

O PSDB vem construindo ao longo dos anos uma teoria conveniente para explicar a longa ausência do poder. Segundo a teologia tucana, o governo Fernando Henrique Cardoso foi muito bom, mas a oposição implacável do PT e a desconstrução propagandística promovida pelo petismo no poder petrificaram a impressão de ter sido ruim. Uma lavagem cerebral coletiva. Com as decorrentes consequências eleitorais. A casa seguinte nesse tabuleiro é o PSDB vir lançando a fatura das três últimas derrotas presidenciais na conta da suposta falta de empenho em defesa das realizações de FHC no Palácio do Planalto. A construção ideológica tucana para explicar seus problemas é frágil mas aconchegante. Ela exime, por exemplo, de fazer um balanço crítico do período FHC. Mais fácil considerar e propalar que o povo não está bem informado sobre aqueles tempos. Foram anos de estabilização monetária e democracia. Mas também de baixo crescimento e pouco emprego. A privatização da telefonia produziu um país em que todo mundo tem telefone. Mas usá-lo ficou caríssimo. Foram lançados programas sociais. Mas a timidez deles evidenciou-se quando veio o PT e lhes deu prioridade. São os fatos. O PSDB reage aos fatos com ideologia. Para os tucanos, tratar-se-ia apenas de corrigir a hipotética lacuna comunicacional, de partir para a desconstrução da desconstrução. Daí o panegírico em que se transformou a passagem dos oitenta anos de FHC. Esse foi o terceiro movimento. E qual é o quarto? Vem do governo, por perceber a espetacular relação custo benefício embutida em qualquer palavra simpática dirigida por um petista a FHC. Especialmente quando o elogio é de petistas graduados. O PT e o governo ganham duplamente. Mantêm o PSDB imobilizado no culto ao passado impopular e constrangem a oposição formal. Não pega bem você chutar a canela de quem, no fundo no fundo, diz lhe querer tanto bem. E o PT não perde nada. Quando vier a próxima eleição, poderá dizer que as privatizações de FHC foram muito ruins, mas com todo o respeito. E que os programas sociais do PSDB foram muito tímidos, apesar das boas intenções. E que o PSDB de FHC, apesar de ter ajudado a atacar a inflação, fez isso sacrificando o crescimento. Enquanto o PSDB fica embasbacado com os salamaleques, o seu problema eleitoral continua exatamente no mesmo lugar, e do mesmo tamanho.

quarta-feira, julho 06, 2011

Toda Mídia

No Financial Times, além da manchete para a entrevista com Mantega, uma análise destaca que o fim do relaxamento quantitativo (QE) nos EUA não melhorou a situação do Brasil na guerra cambial. E outra análise, com vídeo, compara as estratégias anti-inflação de Brasil, que elevou juros, e Turquia, que baixou. Também no "FT", a disputa entre a Vale e a chinesa Jinchuan pela sul-africana Metorex, mineradora de cobre no Congo. No China DailyDalian completou a expansão de sua capacidade, "tornando possível o acesso, ao porto-chave para as importações chinesas, de navios tão grandes quanto os novos cargueiros gigantes da mineradora brasileira Vale". Wall Street Journal e "FT" noticiam que a americana Netflix lança ainda este ano o serviço de assinatura para DVD e streaming em 43 países da América Latina, Brasil inclusive.

sexta-feira, julho 01, 2011

Cápsula da Cultura

Tensão Americana

O parlamento grego aprovou nos últimos dias um plano fiscal ambicioso, que inclui corte de despesas, aumento de impostos e um programa de privatização que pode chagar a 50 bi de euros.  Houve inúmeros protestos, porém os políticos optaram por seguir o caminho imposto pela Comunidade Européia. Com isto, o caminho está livre para a liberação dos 12 bi de euros da parcela do programa de salvamento, o que deve impedir o calote grego. Para cobrir os vencimentos dos próximos anos os gregos vão contar com uma ajuda parcial dos bancos franceses e alemães que se comprometem a rolar 50% das dívidas gregas em seu poder. É cedo para estimar qual o montante que será rolado, pois há dívida nas mãos de bancos e outras instituições que ainda não se manifestaram. Também é preciso assegurar que as agências classificadoras de risco não considerem esta rolagem voluntária como um calote disfarçado. E que o BC Europeu aprove tal rolagem. Esta rolagem parcial daria ao governo alemão uma moeda de troca importante para conseguir o apoio do parlamento alemão para a aprovação de mais empréstimos para a Grécia completando assim os 110 Bilhões que eles precisam para cobrir os vencimentos dos próximos anos. É muito provável que Grécia consiga dois anos de alívio nas suas rolagens de dívida. Porém é preciso ver como a economia reage ao pacote. A Grécia está no segundo ano de recessão, enquanto seus vizinhos do norte já estão se recuperando da pancada de 2009. Se a economia grega não se recuperar é pouco provável que governo consiga eliminar o déficit em suas contas, o que exigiria mais dinheiro externo para financiar o buraco. Além disto, com crescimento baixo a popularidade do governo pode cair ainda mais, levando a eleições antecipadas, que foram evitadas pela votação recente do voto de confiança no Primeiro Ministro.  Mesmo sem estes possíveis acidentes de percurso e mesmo com a Grécia se recuperando e crescendo a 3%aa, não acredito que seja possível evitar alguma reestruturação de sua dívida nos próximos anos, seja com redução de principal ou dos juros.  Ganhou-se tempo, o que deve permitir que Portugal e Irlanda saiam de suas crises, que Itália e Espanha façam suas lições de casa e para que bancos façam provisões em seus balanços se preparando para um possível calote grego no futuro. Foi assim que fizeram na década de 80 e 90 com a dívida dos países em desenvolvido. Agora as atenções voltam-se aos EUA que precisam aprovar até o final deste Julho o aumento do limite de endividamento do governo. O congresso está dando um calor enorme em Obama e exige que sejam feitos compromissos com corte de gastos antes de se aprovar o aumento de tal limite Se tal limite não for aprovado, o governo fica sem caixa. E aí eles podem ter que dar calote em sua dívida externa. Um calote na dívida americana poderia fazer a crise grega parecer uma marola. A boa notícia é que todos sabem disto. A má notícia é que o Secretário do Tesouro dos EUA dá sinais que pretende sair do governo. Mas somente após a aprovação do aumento de limite. Este é um evento de consequências tão graves que qualquer um se recusa a imaginar a catástrofe. Nem tudo é má notícia, no entanto. Pesquisa publicada pelo FED surpreendeu positivamente os mercados, o que ajudou as bolsas e os ativos de risco em geral. Se os dados sobre economia continuarem a surpreender para cima e se congresso americano aumentar o limite de endividamento, podemos ter um bom rally nos ativos de risco no terceiro trimestre. Bom ficar ligado!!!